Há algo de singular nas mulheres criadas por homens. Talvez porque cresçam observando o mundo sob um olhar diferente do que a sociedade costuma atribuir ao feminino. Desde cedo, aprendem que o amor pode vir em gestos silenciosos, em um cuidado prático, em uma proteção discreta, e nem sempre nas palavras doces ou nas demonstrações de afeto que o senso comum espera.
Essas mulheres costumam carregar uma força serena, uma forma direta de lidar com a vida, e uma noção muito clara de limites. Muitas vezes, tornam-se resolutivas, independentes e seguras de si, porque foram incentivadas a enfrentar desafios com coragem, sem esperar que alguém venha salvá-las. Aprendem, pela convivência, que a vulnerabilidade pode coexistir com a firmeza, e que a sensibilidade não as torna menos fortes.
Porém, há também um lado delicado nesse caminho. A ausência de uma figura feminina próxima pode fazer com que algumas demorem a compreender certos aspectos da afetividade e do autocuidado. Nem sempre sabem como acolher a si mesmas, afinal, foram ensinadas a resistir, mais do que a se permitir sentir. Aprender a se escutar pode ser o maior desafio de quem cresceu ouvindo que o silêncio é uma forma de força.
Mulheres criadas por homens, no entanto, trazem um equilíbrio raro: unem o raciocínio lógico com a intuição, a firmeza com a empatia, a independência com a doçura. São mulheres que aprenderam a se erguer sozinhas, mas que, com o tempo, descobrem que permitir-se ser cuidada também é uma forma de coragem.
No fim, não são melhores nem piores, apenas moldadas de um modo diferente. Forjadas entre gestos contidos, conselhos diretos e olhares que diziam mais do que palavras, elas carregam dentro de si um universo que mistura força e sensibilidade em medidas únicas. São prova viva de que o amor, quando é verdadeiro, transcende gênero, e se expressa de mil maneiras possíveis.

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